segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

BUENA ONDA


Cruzamos a fronteira entre Colômbia e Venezuela por Macaio e seguimos pela costa até a capital, Caracas. Ainda pelo litoral fomos até Barcelona e seguimos ao Sul, passando por Ciudad Bolívar, até Santa Helena de Uairén, apenas dez km da fronteira brasileira.

A “Revolução Popular” organizada por Hugo Chávez passa por um momento crítico, com um custo de vida muito alto para os venezuelanos, sendo que a rejeição do presidente aumenta gradativamente em todas as classes sociais.

“Eu sai da minha terra por ter sina viageira, cum seis meses de viagem eu vivi uma vida inteira. Saí bravo, cheguei manso, macho da mesma maneira. Estrada foi boa mestra, me deu lição verdadeira, coragem num tá no grito e nem riqueza na algibeira, e os pecado de domingo quem paga é segunda-feira. Vamo-nos embora, ê ê, vamo-nos embora camará, pra esse mundo afora ê ê, pra esse mundo afora câmara.”

Uma experiência única e inexplicável, passando pela neve, desertos, ruínas, praias, selva, praças e capitais. Tentamos compartilhar aquilo que vimos e vivemos.

Aprendemos que a verdadeira revolução não está na militarização antiimperialista de Chávez, tampouco na guerra que Uribe tenta travar contra o resto do mundo e muito menos no neoliberalismo chileno. A verdadeira revolução é pessoal e interior, trata-se de evoluir como pessoa no mundo em que vivemos, trata-se do amor ao próximo e a nossa terra, trata-se da união.

O que nos torna pessoas melhores? O que nos diferencia do próximo? Por que o ser humano, que é capaz de amar, também é capaz de odiar e destruir?

Cabe a cada um buscar as repostas para estas e outras perguntas e enfim decidir como agir consigo e com o mundo.

Esperamos que nosso objetivo tenha sido alcançado, compartilhando as belezas desse imenso continente e quiçá servido de algum tipo de inspiração.

A única certeza é que vivemos em um lindo e rico continente, repleto de boas pessoas e cuja história e cultura jamais serão abaladas.

Agora só nos resta nosso sangue latino, muita coragem e determinação.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

COLÔMBIA

Seguindo sentido Norte pela Ruta Panamericana saímos de Quito para chegar à Colômbia. Da fronteira à Cali (capital da salsa) são aproximadamente duzentos km por um território ainda considerado hostil pelo governo, dentro dos sessenta por cento do território do país onde o governo colombiano de fato exerce soberania.

Todas as estradas encontram-se fortemente vigiadas pela policia e o exército nacional, com “blitz” a cada vinte km. Ademais, esse é o país com o maior número de pedágios, além de cobrar as maiores taxas do Continente Sulamericano. Incrivelmente não se nota a aplicação correta desses valores cobrados em infra-estrutura, pois, além da geografia de um país dividido pelas Cordilheiras, o asfalto encontra-se em más condições, estradas repletas de caminhões e quase todo o caminho com pista única.

Fomos informados pelas autoridades que ao Norte de Cali não existe nenhum risco aos viajantes, apesar da recente execução do Governador desse Estado pela guerrilha.

Chegando a capital Bogotá desfrutamos das noites alucinantes da cidade. Além da noite, existem diversos passeios culturais, como o Museu del Oro, com peças produzidas pelas comunidades pré-hispânicas que aqui habitaram. Ainda tivemos a chance de acompanhar o maior clássico futebolístico do país, Millionários contra Nacional, e presenciamos o show da hinchada colombiana.

O presidente Álvaro Uribe conta com um impressionante apoio popular e tem como seu maior êxito no governo tornar as estradas seguras. Segue governando com um único intuito e principal promessa da campanha eleitoral, liberar o país das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).

Notamos que a maior parte da população está cansada dos mais de quarenta anos de guerrilha, mas ainda assim as bases que o governo Norte Americano está construindo no país encontram enorme rejeição, ainda mais com o fundamento de que as FARC controlam a produção de cocaína no país do narcotráfico, uma vez que é notório que ambos os lados lucram com a produção e distribuição da droga.


Entre a capital e o litoral caribenho do país está Medellín, antigamente território controlado pelo maior cartel de drogas do mundo e hoje, anos após a morte de Pablo Escobar (El Patrón), é um dos principais destinos turísticos da Colômbia.

Contudo, o que realmente impressiona são as águas cristalinas do caribe e as lindas praias, devendo-se dar destaque à Taganga (pequeno povoado perto de Santa Marta) e o incrível Parque Tyronna, reserva ecológica localizada perto da fronteira com a Venezuela, onde o visitante pode acampar por dias e aproveitar os dias para conhecer as praias do parque, seguindo por trilhas em meio à natureza e onde facilmente se vê animais silvestres, como macacos e diversos pássaros.


Esse exuberante país, aparentemente cheio de contradições, realmente pode apaixonar o viajante, não apenas pelas lindas praias e cidades, mas também pelo simpático e carismático povo.