segunda-feira, 26 de outubro de 2009

LA PAZ

Retornamos pela Ruta 5 até Potosi e seguimos pela Ruta 1 até La Paz, passando por Oruro, capital cultural da Bolívia e onde também é celebrado o maior carnaval do país. Todo o caminho está asfaltado e a qualidade é boa.

La Paz é a sede do Poder Executivo e Legislativo da Bolívia, uma cidade localizada à três mil e setessentos metros do nível do mar, construída num vale em meio a Cordilheira. Local interessante mas longe de ser considerado bonito, uma vez que a maioria das casas encontram-se sem acabamento.


Por todos os lados existem feiras e mercados, podendo dar destaque ao Mercado de los Brujos, assim batizado por vender fetos de Lhama secos (usado para bruxaria), bem como uma variedade de ervas, como San Pedro e Ayahuasca; além de roupas e instrumentos típicos.

Próximo ao Mercado de los Brujos está o Coca Museo, com fotos e história desta cultura que existe à mais de três mil anos, originada pelos povos Incas.



O acervo do museu foi cuidadosamente escolhido, com ênfase ao distinguir a folha de coca da cocaína, sendo esta um problema crônico da sociedade boliviana. Seu uso é indiscriminado na cidade e principalmente na vida noturna de La Paz, rica em bares de discotecas.

Um bom local para uma visita cultural, por conta dos museus, parques e mercados, contudo é preciso ficar atento aos problemas das metrópolis, agravados pelo pobreza e o alto indíce de usuários de cocaína, sendo comum oferecerem droga ou pedirem esmola pelas ruas da cidade.


segunda-feira, 19 de outubro de 2009

BOLÍVIA

Saindo de San Pedro de Atacama optamos por não atravessar o Deserto de Sal até a cidade de Uyuni, uma vez que a falta de GPS, ou mesmo uma bússola, nos impossibilitou.

Voltamos pela Ruta 23 até Calama e seguimos pela Ruta 26 até Ollague, onde fica localizada a divisa com a Bolívia. A estrada está em boas condições até chegar nos últimos setenta e cinco km para a aduana chilena, uma vez que termina o asfalto e possuí trechos rodeados por campos minados, talvez um resquício da antiga guerra com o país vizinho.

Ao entrar na Bolívia já percebemos que estamos no país mais subdesenvolvido da América do Sul. A estrada que não era boa fica pior. Rodar cento e cinqüenta km na “Ruta 5” que leva até Uyuni foi suficiente para quebrar três amortecedores e o freio do veículo, sendo que nos outros cem km quebrou o último amortecedor.



A cidade do Uyuni é a porta de entrada para o Salar de mesmo nome, também conhecido como Deserto de Sal, além de oferecer outras atrações turísticas, como o impressionante cemitério de trens, que fica apenas um km de distância do povoado de pouco mais de dois mil habitantes.
Com uma etnia e cultura únicas, proveniente dos mais de trinta e seis povos nativos do país, a Bolívia apresenta uma diferença drástica dos demais países visitados.

Encontramos um país dentro de nossas capacidades aquisitivas, contudo com problemas profundos relacionados ao descaso do Estado.

Apesar de rica em belezas naturais e culturais o povo em geral carece de serviços básicos, com um grande índice de analfabetos, e principalmente de higiene.

O governo de Evo Morales possui grande apoio popular da classe obreira e campesina, mas a melhor definição nos foi dada pelo mecânico Mario (apelidado de “El Mago” pela mágica que fez em consertar o jipe sem as peças de reposição) quando diz todos os governos são iguais e nessa terra “é cada um por si”.

Viver a realidade boliviana nos recorda as palavras do poeta quando disse que “o homem coletivo sente a necessidade de lutar”. Contudo, a falta de organização popular e de educação do povo faz com que a revolução seja um sonho distante, apesar da história de lutas e repressões nesse país.




Seguindo pela “Ruta 5” chegamos em Potosi, uma cidade localizada a quatro mil e noventa metros do nível do mar, sendo que mascar folha de coca realmente ajuda. Um local miserável onde, principalmente na entrada e saída da cidade, mais parece um lixão ao céu aberto, onde porcos se deliciam em seu habitat e o mau cheiro é insuportável.

De Potosi a Sucre a estrada é asfaltada, com buracos, mas seguramente em melhores condições que o caminho anterior.

Encontramos em Sucre uma cidade muito bonita, que possuí o título de patrimônio histórico da humanidade por sua arquitetura colonial mesclada com traços indígenas.



Obviamente a miséria persiste, mas Sucre difere-se das demais cidades. Sucre, que um dia foi sede dos três poderes, continua sede do Poder Judiciário, e também foi palco da luta pela “independência” da Bolívia.



Com mais de duzentos e dez mil habitantes Sucre nos recorda as grandes metrópoles, pelo trânsito caótico e pela falta de organização, bem como uma vida noturna agitada, mas que ainda pode ser considerada um Oásis perto das demais cidades da Bolívia.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

NORTE DO CHILE


Partimos de Horcón pela Ruta 5 até o povoado chamado Carmen Alto, uma estrada exuberante onde é possível ver o Oceano Pacífico de um lado e a Cordilheira dos Andes do outro da estrada, e a medida que se aproxima do Norte do Chile percebe-se que o deserto está próximo.

Em Carmen Alto seguimos pela Ruta 25 até Calama e depois seguimos pela Ruta 23 até chegar em San Pedro de Atacama. Um povoado que vive do turismo, que ocorre o ano todo. Além de tranqüila e cheia de turistas a região é muito seca, o local mais seco do mundo, e com um clima “salgado”, assim como os preços.

O deserto do Atacama é repleto de salares, lagunas de sal (onde se pode boiar com facilidade), montanhas e vulcões. Um local surpreendente e mágico, difícil de descrever com palavras. Por tal razão optamos por dedicar um post apenas com fotos, para que se possa ter uma idéia da beleza do deserto, mas dificilmente consegue-se retratar com exatidão.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

SANTIAGO - HORCÓN

Ao cruzar a fronteira entre Argentina e Chile, localizada na Cordilheira dos Andes, seguimos até Santiago, capital da República do Chile. O lado chileno dos Andes é mais íngreme e a estrada piora, mas a beleza natural persiste.

Percebemos em Santiago, uma cidade rica em cultura, que o povo chileno, como os próprios jovens afirmam, se mostra frio e depressivo. A ditadura chilena, uma das mais violentas da América do Sul, conta com apoio de uma parcela significativa da população.

Em um país conservador como o Chile não é nítido um movimento que conteste a situação. Tal fato pode estar relacionado com a imagem que o governo passa do país, que nem sempre condiz com a realidade.

De fato, as desigualdades não são gritantes como no resto do Continente, contudo existe a miséria, apesar de negada pelo governo.
A política neoliberal do Chile ao longo dos anos gerou oportunidades aos cidadãos, mas ao mesmo tempo existe a carência de uma intervenção estatal na saúde e na educação, uma vez que o sistema de saúde chileno nos recorda o SUS brasileiro e não existe um ensino superior público, tendo em vista que as faculdades que são denominadas “públicas” cobram uma mensalidade em torno de quatrocentos dólares.

Apesar disto encontramos muitas pessoas boas e alegres, que acreditam na cultura como forma de contestação.

Conhecemos o Centro Cultural Balmaceda, que se mantém através de incentivos do governo e que ensina musica, dança e teatro de graça.

No centro cultural tivemos a oportunidade de conhecer jovens engajados com estes movimentos culturais e acompanhar o ensaio da peça que celebra o bicentenário da independência, retratando diversas lutas contra a ditadura, bem como a luta do povo originário do Chile, os Mapuche. Uma peça elaborada pelo diretor Andres Cardenas, que foi aluno do projeto e agora ensina os jovens para que a tradição deste projeto muito interessante continue viva.


Seguimos pela ruta 5, passando por Viña del Mar, uma cidade grande e industrializada. Um tradicional ponto turístico do Chile, com cassinos e bares.



Mais adiante, nos estabelecemos em Horcón, um povoado de aproximadamente mil habitantes. Com uma cultura histórica dos hippies que aqui viveram, o povoado é formado por pescadores e artesãos.



O povoado ainda conta com duas praias de nudismo, sendo que o local já foi palco de encontros internacionais de naturismo, uma surpresa, especialmente para um país conservador como a República do Chile.



Conhecemos Pablo Iviondo, um artesão uruguaio que vive no Chile desde os dez anos de idade e que sempre trabalhou com arte. Acostumado a trabalhar com cerâmica suas obras são muito belas e tradicionais. Seu trabalho também é comercializado pela internet, através do site: http://www.artepango.com/

Conversamos sobre as mudanças na comunidade nos últimos dez anos e nos contou como o alcoolismo e o alto índice de usuários de crack se mostram problemas crônicos da sociedade, bem como uma grande aversão aos estrangeiros.

Com praias lindas ainda é possível pensar em Horcón como uma comunidade mais liberal dentro do Chile, mas que vem perdendo gradativamente a filosofia de paz e amor que um dia envolveu este belo povoado.