segunda-feira, 19 de outubro de 2009

BOLÍVIA

Saindo de San Pedro de Atacama optamos por não atravessar o Deserto de Sal até a cidade de Uyuni, uma vez que a falta de GPS, ou mesmo uma bússola, nos impossibilitou.

Voltamos pela Ruta 23 até Calama e seguimos pela Ruta 26 até Ollague, onde fica localizada a divisa com a Bolívia. A estrada está em boas condições até chegar nos últimos setenta e cinco km para a aduana chilena, uma vez que termina o asfalto e possuí trechos rodeados por campos minados, talvez um resquício da antiga guerra com o país vizinho.

Ao entrar na Bolívia já percebemos que estamos no país mais subdesenvolvido da América do Sul. A estrada que não era boa fica pior. Rodar cento e cinqüenta km na “Ruta 5” que leva até Uyuni foi suficiente para quebrar três amortecedores e o freio do veículo, sendo que nos outros cem km quebrou o último amortecedor.



A cidade do Uyuni é a porta de entrada para o Salar de mesmo nome, também conhecido como Deserto de Sal, além de oferecer outras atrações turísticas, como o impressionante cemitério de trens, que fica apenas um km de distância do povoado de pouco mais de dois mil habitantes.
Com uma etnia e cultura únicas, proveniente dos mais de trinta e seis povos nativos do país, a Bolívia apresenta uma diferença drástica dos demais países visitados.

Encontramos um país dentro de nossas capacidades aquisitivas, contudo com problemas profundos relacionados ao descaso do Estado.

Apesar de rica em belezas naturais e culturais o povo em geral carece de serviços básicos, com um grande índice de analfabetos, e principalmente de higiene.

O governo de Evo Morales possui grande apoio popular da classe obreira e campesina, mas a melhor definição nos foi dada pelo mecânico Mario (apelidado de “El Mago” pela mágica que fez em consertar o jipe sem as peças de reposição) quando diz todos os governos são iguais e nessa terra “é cada um por si”.

Viver a realidade boliviana nos recorda as palavras do poeta quando disse que “o homem coletivo sente a necessidade de lutar”. Contudo, a falta de organização popular e de educação do povo faz com que a revolução seja um sonho distante, apesar da história de lutas e repressões nesse país.




Seguindo pela “Ruta 5” chegamos em Potosi, uma cidade localizada a quatro mil e noventa metros do nível do mar, sendo que mascar folha de coca realmente ajuda. Um local miserável onde, principalmente na entrada e saída da cidade, mais parece um lixão ao céu aberto, onde porcos se deliciam em seu habitat e o mau cheiro é insuportável.

De Potosi a Sucre a estrada é asfaltada, com buracos, mas seguramente em melhores condições que o caminho anterior.

Encontramos em Sucre uma cidade muito bonita, que possuí o título de patrimônio histórico da humanidade por sua arquitetura colonial mesclada com traços indígenas.



Obviamente a miséria persiste, mas Sucre difere-se das demais cidades. Sucre, que um dia foi sede dos três poderes, continua sede do Poder Judiciário, e também foi palco da luta pela “independência” da Bolívia.



Com mais de duzentos e dez mil habitantes Sucre nos recorda as grandes metrópoles, pelo trânsito caótico e pela falta de organização, bem como uma vida noturna agitada, mas que ainda pode ser considerada um Oásis perto das demais cidades da Bolívia.

7 comentários:

  1. Pelo relato de vcs, a impressão que tenho que desde que Ernesto Guevara saiu andando pela AL nada mudou na Bolívia. Tanto por um "descaso" governamental, afinal melhor um povo não educado e pensante para manipular melor; como um comodismo popular, no qual a mobilização é pouca. Triste ver que nada muda.

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  2. O paragrafo: "obviamente....da Bolivia" está duplicado Dr. Sam!
    Lov Ya! saudades!!!
    sua irmã preferida =P

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  3. Aahhh....a Adriana viu este blog e me mandou um e-mail comentando:
    " Muito lindo!
    Gostei.
    Parabenize-o pela qualidade das fotos, dos registros, comentários e informações. "

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  4. Pelo visto a bolívia está na mesma merda de sempre. Fazer o que, o próprio povo não deixou que fossem ajudados no passado e até chegaram a entregar o Che pros Yankees.... tem gente que cava a própria cova...

    Espero que algum dia isso mude, vai ser difícil, a educação e a vontade do povo parece não ajudar, terá que ser à força mesmo.

    viva la revolucion
    i viva la dictadura del proletariado

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  5. Fe e samuca, o blog está demais!
    O contraste de cada lugar que se passa é gritante. Cultura, história, beleza natural... tudo misturado e com um ponto de vista de fora gera o conteúdo que vocês estão fazendo tão bem.
    Sigam nesse caminho. Muita paz!
    abs

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  6. Oi Samuca!!!!!!
    Adoro esses posts de vcs!!!
    Agora, vai logo pro Perú!!!!
    Rsrsrsrsrsrss
    Bjs
    Ana

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  7. Samuca, vc está igual ao Che.. rsssss
    mas os relatos de pobreza não me surpreendem, mas apenas confirmam aquilo que é notório na américa do sul, em países em que o povo é absolutamente "não educável", por escolha do governo, típico da política do "pão e vinho".
    Abs.
    Guxta

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